É fato conhecido que todos adultos já foram crianças, ou pelo menos assim se espera. Ele não, ele já nasceu com personalidade de velho, e daqueles bem sérios. Dizem que sua própria mãe as vezes pedia conselhos para ele, isso tudo antes dele terminar o primário. Até o nome que lhe foi dado combinava com sua personalidade: Geraldo.
Tudo ia bem, por ele ser um ser respeitável ninguém o incomodava. Conseguiu logo um bom emprego, uma esposa séria e uma casa financiada. Não saía para festas, não costumava beber, então conseguia viver bem e sustentar sua família de forma até que abastada.
Não costumava brincar muito, nem era muito afeito de piadas. Até que por acaso ouviu um colega de trabalho contando uma. Se viu rindo sozinho, não demonstrou pois tinha uma imagem a zelar. Durante o resto do dia ria quando se lembrava da piada que ouviu, e cada vez conseguia disfarçar menos.
Chegando em casa, de noite, soltou um pequeno riso durante o jantar. Sua esposa estranhou muito a atitude diferente do marido, mas não falou nada. Quando ela foi dormir, ele fez algo diferente dessa vez: assistiu a TV. O assistir TV era habitual, mas ele somente assistia o jornal noturno. Desta vez colocou num canal que passava um programa de comédia. Riu tanto que sua esposa se assustou e foi ver o que era. Não falou nada mas ficou espiando o marido rindo na sala, estranhando a diferença.
Ficou preocupada.
No dia seguinte, parece que sua figura estava diferente. Os colegas de trabalho estranharam aquela pessoa que andava leve e as vezes com um sorriso no canto da boca quando falava. Na pausa para o café os colegas estranharam quando Geraldo desajeitadamente tentou contar uma piada, que tinha visto no programa da noite anterior, mas não funcionou. Ficou pensando o resto do dia do porquê não ter funcionado com ele contando, sendo que ele riu quando na TV. Chegou finalmente à conclusão: precisava aprender a contar piadas.
Tentou repetir a piada para sua esposa, que ficou meio sem reação.
- Você entendeu a piada? - perguntou Geraldo.
- Entendi sim, só não achei engraçada. - ela disse.
Entendeu o que precisava fazer. Agora toda noite era hábito assistir programas de humor, pesquisava piadas, e analisava como os comediantes a contavam. Estudava a fundo as técnicas e como tornar as coisas engraçadas.
Com o tempo foi ficando bom nas piadas, seus colegas de trabalho agora gostavam de ficar ao seu lado nas pausas. Antes ele só era uma pessoa chata que trabalhava com eles, agora era a diversão da turma. Os papéis em sua mesa começaram a se acumular, mas estava realizado pois conseguia devolver um pouco da alegria que recebia das piadas para as pessoas à sua volta. As vezes até conseguia fazer sua esposa rir, mesmo com ela estranhando essa nova atitude do marido.
Mas aquele não era o homem com quem se casou mais, e isso a preocupava. Ficava com medo de isso ser algum tipo de problema psiquiátrico que ninguém notava, o observava quando ele não estava olhando cuidadosa.
Chegou o momento que ela não o reconhecia mais. O nariz de palhaço que ele começou a usar em casa ajudou nisso.
“Meu marido enlouqueceu” - pensava, com certa razão, pois ele sempre tão sério estava sendo relapso com tudo em casa.
A situação foi ficando complicada na casa e no emprego de Geraldo, até o dia em que seu chefe, cansado de ver os papéis se empilhando na mesa, o demitiu. Quando chegou em casa contou a novidade para a esposa em forma de anedota, e ela jurava que se desse trela ele ia sacar uma buzina de palhaço do bolso.
Tempos se passaram e Geraldo cada vez mais dedicado à ser engraçado, mas nada de emprego. Sua esposa, que só sabia ser esposa dele, ameaçou:
- As piadas ou eu.
- As piadas. - disse ele.
E então mais tarde, ela de malas feitas, foi se despedir de Geraldo. Ele estava triste quando ela saiu, mas logo que ela fechou a porta começou a rir. Riu um pouco mais alto. Começou a gargalhar alto.
“Ela contou a melhor piada, no final das contas.” - foi tudo que conseguiu pensar.
Pena que sua família, seus amigos e nem o médico acharam que era piada. Geraldo foi internado pois ria sem parar.
Pelo menos o pavilhão que ele está internado ficou um pouco mais feliz. E, sinceramente? Geraldo também estava.
Tudo ia bem, por ele ser um ser respeitável ninguém o incomodava. Conseguiu logo um bom emprego, uma esposa séria e uma casa financiada. Não saía para festas, não costumava beber, então conseguia viver bem e sustentar sua família de forma até que abastada.
Não costumava brincar muito, nem era muito afeito de piadas. Até que por acaso ouviu um colega de trabalho contando uma. Se viu rindo sozinho, não demonstrou pois tinha uma imagem a zelar. Durante o resto do dia ria quando se lembrava da piada que ouviu, e cada vez conseguia disfarçar menos.
Chegando em casa, de noite, soltou um pequeno riso durante o jantar. Sua esposa estranhou muito a atitude diferente do marido, mas não falou nada. Quando ela foi dormir, ele fez algo diferente dessa vez: assistiu a TV. O assistir TV era habitual, mas ele somente assistia o jornal noturno. Desta vez colocou num canal que passava um programa de comédia. Riu tanto que sua esposa se assustou e foi ver o que era. Não falou nada mas ficou espiando o marido rindo na sala, estranhando a diferença.
Ficou preocupada.
No dia seguinte, parece que sua figura estava diferente. Os colegas de trabalho estranharam aquela pessoa que andava leve e as vezes com um sorriso no canto da boca quando falava. Na pausa para o café os colegas estranharam quando Geraldo desajeitadamente tentou contar uma piada, que tinha visto no programa da noite anterior, mas não funcionou. Ficou pensando o resto do dia do porquê não ter funcionado com ele contando, sendo que ele riu quando na TV. Chegou finalmente à conclusão: precisava aprender a contar piadas.
Tentou repetir a piada para sua esposa, que ficou meio sem reação.
- Você entendeu a piada? - perguntou Geraldo.
- Entendi sim, só não achei engraçada. - ela disse.
Entendeu o que precisava fazer. Agora toda noite era hábito assistir programas de humor, pesquisava piadas, e analisava como os comediantes a contavam. Estudava a fundo as técnicas e como tornar as coisas engraçadas.
Com o tempo foi ficando bom nas piadas, seus colegas de trabalho agora gostavam de ficar ao seu lado nas pausas. Antes ele só era uma pessoa chata que trabalhava com eles, agora era a diversão da turma. Os papéis em sua mesa começaram a se acumular, mas estava realizado pois conseguia devolver um pouco da alegria que recebia das piadas para as pessoas à sua volta. As vezes até conseguia fazer sua esposa rir, mesmo com ela estranhando essa nova atitude do marido.
Mas aquele não era o homem com quem se casou mais, e isso a preocupava. Ficava com medo de isso ser algum tipo de problema psiquiátrico que ninguém notava, o observava quando ele não estava olhando cuidadosa.
Chegou o momento que ela não o reconhecia mais. O nariz de palhaço que ele começou a usar em casa ajudou nisso.
“Meu marido enlouqueceu” - pensava, com certa razão, pois ele sempre tão sério estava sendo relapso com tudo em casa.
A situação foi ficando complicada na casa e no emprego de Geraldo, até o dia em que seu chefe, cansado de ver os papéis se empilhando na mesa, o demitiu. Quando chegou em casa contou a novidade para a esposa em forma de anedota, e ela jurava que se desse trela ele ia sacar uma buzina de palhaço do bolso.
Tempos se passaram e Geraldo cada vez mais dedicado à ser engraçado, mas nada de emprego. Sua esposa, que só sabia ser esposa dele, ameaçou:
- As piadas ou eu.
- As piadas. - disse ele.
E então mais tarde, ela de malas feitas, foi se despedir de Geraldo. Ele estava triste quando ela saiu, mas logo que ela fechou a porta começou a rir. Riu um pouco mais alto. Começou a gargalhar alto.
“Ela contou a melhor piada, no final das contas.” - foi tudo que conseguiu pensar.
Pena que sua família, seus amigos e nem o médico acharam que era piada. Geraldo foi internado pois ria sem parar.
Pelo menos o pavilhão que ele está internado ficou um pouco mais feliz. E, sinceramente? Geraldo também estava.